MST transfere 80 famílias em Castro

Famílias foram para a Fazenda Taboãozinho, da Cooperativa Castrolanda

Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) transferiram 80 famílias do Acampamento Maria Rosa do Contestado, em Castro, para uma área ofertada pela Fundação ABC. A transferência ocorreu por volta das 9h para Fazenda Taboãozinho, no distrito de Abapã, município de Castro, no último sábado (15).

“A transferência das famílias ocorreu para pressionar o Incra e as autoridades a resolver o conflito que se arrasta na região”, afirmam integrantes do MST, que pretendem devolver a Fazenda Capão Cipó, em Castro, à Fundação ABC, instituição ligada às cooperativas agropecuárias da região, voltada ao desenvolvimento de pesquisas para o agronegócio.

Os integrantes do MST argumentam que “anteciparam a transferência de parte das famílias para a Fazenda Taboãozino para pressionar o Incra a liberar três áreas acordadas nas negociações como permuta, em troca da Fazenda Capão Cipó”, ocupada em 24 de agosto de 2015 por 150 famílias que instalaram no local o Acampamento Maria Rosa do Contestado. Integrantes do MST afirmam que “estão abertos ao diálogo com o Incra, Fundação ABC, Castrolanda, Governo do Estado e Prefeitura de Castro”.

A Fazenda Taboãozinho, da Cooperativa Castrolanda, possui cerca de 400 hectares e está entre as três áreas previstas na permuta acordada entre Fundação ABC, Incra e MST. As outras duas áreas também localizadas no município de Castro são Fazenda Jeca Martins, conhecida como Fazenda das 100 Árvores, que pertence ao Instituto Ambiental do Paraná (IAP), e Fazenda Barra Bonita, segundo informações do MST. O movimento argumenta que, conforme as negociações anteriores, cada área receberá 60 famílias do Acampamento Maria Rosa do Contestado, com a finalidade de trabalhar com agricultura orgânica.

O Acampamento Maria Rosa do Contestado mantém as demais famílias na Fazenda Capão Cipó, que possui 300 hectares. Integrantes do MST argumentam que a demora na liberação das três áreas tem gerado insegurança nas famílias, que precisam produzir. Como já foi acordado que as famílias serão transferidas, isto as impede de fazer qualquer investimento na área onde se encontram.

O Acampamento Maria Rosa do Contestado ainda enfrenta a escassez de água e falta de energia elétrica. “As famílias não podem construir nem um posso artesiano para resolver a falta de abastecimento de água, pois aguardam ser transferidas do local. Mas as negociações emperraram no Incra”, disseram integrantes do Movimento. A terra onde estava instalada a Fazenda Capão Cipó pertence à União e estava cedida à Fundação ABC por comodato, sistema de empréstimo gratuito vencido há um ano antes da ocupação pelo MST, conforme informou o próprio movimento.