Péricles quer contratar estudo para garantir proteção da 'APA'

O deputado estadual Péricles de Mello (PT) quer contratar um estudo técnico para propor um “desenvolvimento sustentável” da área de preservação ambiental (APA) da Escarpa Devoniana. O estudo cogitado por Péricles deve ser contratado junto à Fundação de Apoio ao desenvolvimento Institucional, Científico e Tecnológico da Universidade Estadual de Ponta Grossa (FAUEPG).

O estudo está em fase de discussão burocrática e deverá ser realizado por professores das diversas áreas do conhecimento, entre elas Agronomia e Geografia. De acordo com o deputado estadual, o projeto quer trazer “mais clareza” para o debate que trata da diminuição de 62% da área de preservação ambiental – Péricles faz referência ao projeto de lei 526/2016 de autoria de Plauto Miró (DEM) e Ademar Traiano (PSDB).

Péricles lembra que é necessário apresentar estudos técnicos e científicos que apontem as diretrizes centrais para um desenvolvimento sustentável da APA. “Com esse estudo e com as informações que ele nos trará, teremos a possibilidade de propor uma discussão de um plano de desenvolvimento sustentável no que diz respeito à agricultura, ao turismo e também a geração de riquezas, sem agredir a natureza”, contou o petista.

A pesquisa cogitada por Péricles deverá ser centrada em cinco eixos: o primeiro deles diz respeito a conservação de habitats e paisagens remanescentes; o segundo discutirá a recuperação e conservação de áreas de preservação permanente em nascentes e córregos. O terceiro ponto deverá tratar de fomentar a mitigação de impactos dos sistemas de produção agrosilvopastoril.

Já o quarto aspecto prevê o fomento de alternativas sustentáveis para manejo dos recursos naturais na APA e, por fim, o último eixo do estudo será dedicado a promover a proteção especial em áreas de mananciais de abastecimento urbano. Doutor no manejo de recursos naturais pela Universidade do Colorado – EUA, o professor Carlos Hugo Rocha acredita que o estudo será uma oportunidade central para que a APA ganhe, finalmente, um programa de desenvolvimento.

Rocha considera que, desde que foi criada em 1992, a APA “teve pouca utilidade prática”. O professor, estudioso de temas como a conservação da natureza, ecologia da paisagem e o Desenvolvimento Rural Sustentável acredita que o momento é de debater um programa de desenvolvimento adequado para a área. “A APA serve para criar um mecanismo jurídico para que as pessoas que vivem nela e dela tiram seu sustento possam receber apoio técnico e incentivo público para manejar o recurso natural com uma estratégia compatível com a conservação da natureza”, argumenta Carlos Hugo.

“Definir regras é fundamental”, diz professor

O professor Carlos Hugo Rocha acredita que a diminuição (ou manutenção) da APA da Escarpa Devoniana por vezes tem sido interpretada de forma equivocada. O docente argumenta que o fundamental agora é aproveitar o fato do tema ter entrado na agenda do debate público para discutir a definição de regras para quem habita a região. “Na agricultura, por exemplo, é o momento de discutirmos a diminuição no uso de agrotóxicos e opções para o pequeno agricultor. Já no reflorestamento precisamos debater regras de como e onde ele pode ser feito”, explicou o professor da UEPG.