Criado Aedes aegypti que produz ovos estéreis
A terceira fase pode ser iniciada ainda no final de 2019, com a produção piloto de 500 mil insetos por semana
Publicado: 22/06/2018, 09:00
A terceira fase pode ser iniciada
ainda no final de 2019, com a produção piloto de 500 mil insetos por semana
Uma nova variedade de mosquitos
transgênicos deve começar a ser testada para combater o Aedes aegypti,
transmissor da dengue, chikungunya, zika e febre amarela. A variedade foi
desenvolvida pelo no Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São
Paulo (USP) e pode começar a ser produzido em fase de testes em setembro.
Os insetos modificados geneticamente têm espermatozoides defeituosos que, após
o acasalamento, resultam em ovos estéreis.
O mosquito é pensado para se
integrar a outras estratégias de combate ao Aedes. Segundo a professora
Margareth Capurro, principal responsável pela pesquisa, ao evitar sequer o
aparecimento das larvas, o inseto transgênico se combina perfeitamente com o
trabalho de identificação e destruição de focos em áreas urbanas. Porque os
protocolos de ação dizem que, quando são encontrados mosquitos nesse estágio de
desenvolvimento, deve ser feito o uso de produtos químicos para eliminação dos
animais.
“Para não ter que mudar
todas as medidas, todos os parâmetros do mundo inteiro de combate ao mosquito,
a linhagem que é estéril é mais adaptável ao que é a medida do controle”,
enfatiza Margareth, que já trabalhou no desenvolvimento de outras variedades de
mosquitos modificados geneticamente. Um desses, produzido pela empresa Oxitec,
por exemplo, tem machos que transmitem um gene que impede que os descendentes
cheguem a fase adulta.
Essa nova pesquisa, financiada
pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e pela
Agência Internacional de Energia Atômica, atende a uma demanda colocada pela
Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, de acordo com a professora. Por
isso, a preocupação de maximizar a integração com outras estratégias de combate
ao mosquito.
Próximas etapas
A segunda fase do
projeto, prevista para começar em setembro, será feita em parceria com a
organização social Moscamed Brasil, em uma fábrica em Juazeiro, na Bahia. Os
testes serão feitos em gaiolas de campo, de 3 metros quadrados, colocadas em
ambiente natural.
“O objetivo é saber se eles
sobrevivem e são capazes de copular na presença de ventos ou de chuvas. Esse é
um teste importante, pois, quando fazemos uma modificação genética, além das
características de interesse, podemos induzir também características
indesejáveis”, explica a pesquisadora.
Se o projeto correr como o
esperado, a terceira fase pode ser iniciada ainda no final de 2019, com a
produção piloto de 500 mil insetos por semana. A partir dos ajustes finais
feitos nesta etapa, o mosquito estará pronto para ser reproduzido em grande
escala.
A biofábrica de Juazeiro tem
capacidade instalada para produzir 14 milhões de mosquitos por semana.
Margareth destaca que o Brasil fez, com a variedade da Oxitec, uma das maiores
solturas de mosquitos no ambiente do mundo, com cerca de 1 milhão de animais
por semana.
A ideia é que esse novo Aedes modificado
possa ser usado também em outros países, sendo distribuído pela Organização das
Nações Unidas.
Informações Agência Brasil